segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O universo numa casca de nós



cá estamos
abismo do medo
estrelado na beleza do cosmo
cortado por pontes
de promessas nunca feitas

com o sopro do vento
recebemos diversos sinais do destino
para não temer tal precipício assassino

constantemente esquecemos de nossas asas
talvez por conta das quedas
e das penas cortadas

ficamos nos olhando
pois não podemos ver a nós mesmos

qualquer risco é cego
qualquer tentativa um risco
e qualquer olhar uma tentativa

sabemos bem,
talvez por pura intuição
que entre nós
rapidamente
tudo mudaria de proporção

somos filhos da lua
sendo fácil perceber em nós o vosso brilho
mas nossa carne é feita de passado
e nossa alma de futuros perdidos

não é química, chega a ser física quântica
só de experimentar alteraria seu significado
é um estar; não estando
o infinito da brevidade de um segundo
lapso momentâneo de intensa eternidade

de tanta perfeição
não provamos nem um laço
ao menos pudesse
sentir teu abraço

esqueça a irreconciliável leveza
somos seres pesados
procuramos pesos grandes demais
para se carregar planando

por mais que nosso horizonte
seja bem desenhado
e nosso panorama
linearmente plano

de pés no chão
e cabeça nas nuvens

com solidez almejando o imperecível
somos seres de outro nível de façanha
de coração suave e breve
tal qual uma montanha

.

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