quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Coringa

Me amo
Na medida de meu amor por vós
A garra de viver
Existe para que não sofram
Se vos desamo
Se desequilibro
Mais doce me canta o cano

Motivos se perdem
Talvez devesse haver
Prazer espontâneo
De viver por si

Seria mais simples
Meço minha felicidade
No reflexo de teu sorriso
Por isso a solidão é tão marcante

Em meio a multidão
Ego de Schrodinger
Ao contrário da baixa auto-estima
Não tenho espelhos para ver
Meu próprio sorriso quando ele
Existe

Sarna

pedaço de A expulsão de Adão e Eva do Paraíso, Gustave Doré


Acho que hoje entendo adão
Há maldição maior que uma coceira eterna
A sarna de ter de encarar o momento
Querendo resumí-lo a uma lembrança
Arbítrio de perceber se consumir aos poucos

Perceba
Os momentos mais felizes raramente são os presentes
Pois quando se vive esse fluxo contíguo
Não se está consciente do desembrulhar
Esse presente

Queremos fugir da cosnciência de viver
Ao passo que queremos boas lembranças
Do que foi vivido
Pouco sabendo de quem realmente somos

A lembrança do que um dia fomos
É o mais vívido
Negando esse andar sobre a balança
Nessa elegante valorização do ser

Mesmo que doente
Emoções que estamos rotineiramente a entulhar
O irrevogável passar tempo tão ambíguo
Na esteira desse matadouro de aflições prementes
Conceda

Seguimos balbuciando significados como loucos
Com estranha centelha de esperança
Buscando fugir do vil conhecimento
De demônios nosso crânio se faz caserna
Volto ao fruto que nos dão