segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um simples carvão



Está chovendo e quase não sinto as gotas por conta da profundeza do buraco. Olho para cima e me pergunto "quando foi que comecei a cavar?". Creio que tenha sido quando fiquei cansado de cuidar do meu jardim, quando comecei a pensar que debaixo da terra podia encontrar jóias raras.

Entretanto agora sequer tenho forças para continuar cavando.
A água escorre pelas laterais do fosso, arrastando terra junto com ela. Me encontro sentado, pensando na sorte de pedras preciosas que encontrei no caminho, apesar de nenhuma brilhar para mim; ou não tenha reparado devido a pouca luz.

Aqui nesta fundura a pressão é grande, são milhares de metros abaixo do nível do mar, minhas unhas estão todas em carne viva de tanto cavar. Sou gradativamente soterrado e empurrado cada vez mais para baixo, e a pressão continua a aumentar. É tanta que me sinto comprimir, solidificar e endurecer, tanto quanto diamante.

Mas quem iria cavar para me encontrar?
   

Um comentário: