segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A distância do tempo



Corroo
Corró
Corro
Até as pernas não mais aguentarem e os joelhos tremerem
Tropeço em pedaços de palavras não ditas e mal entendidas
Percebo que corri em círculos e estou novamente a teus pés
Círculos estes cada vez maiores, tentando ir cada vez mais longe
Mas com a força gravitacional de uma estrela tu me puxas de volta
Quem sabe um dia esteja longe o suficiente para me desprender

Naiade
Nada
Nado
Para a superfície, sem referencia em uma noite escura
Minhas braçadas intensas apenas fazem bolhas de ar
Sequer noto que me encontro indo cada vez mais fundo
Sendo lentamente arrastado por uma correnteza salgada
Mas talvez seja natural, o jeito como as coisas acontecem
Quem sabe essa mesma correnteza me leve a praia prometida

Vogo
Voia
Voo
Asas frenéticas se agitam com força no ar rarefeito das alturas
Vagando perdido na escuridão inebriante de uma noite fria
Sempre voltando em direção a tenra luz hipnotizante
Na busca pelas alturas sou atraído pelo calor conhecido
Mas tudo o que me faz é queimar e arder repetidamente
Quem sabe dessa vez eu não me perca e alcance a lua

Sem perceber me vejo seguindo fantasmas em uma caça inútil
Esperando respostas de um enigma eternamente incompleto
Tudo isso como forma de provação, em reação a tua descrença
Meu coração sofre de alzheimer, esquecendo do que já percebi
Mas quando consigo clarear a visão, corro, nado, voo, vago, fujo...
Quem sabe alcance a liberdade de minha prisão interna

Me afastei com o intuito de comprovar que sempre voltaria
Tua aproximação evidenciou o quanto nunca estiveste presente
Apenas me cerquei de ilusões, um castelo de belas expectativas
Acreditei que o que tu sentias era relativo ao quanto duvidavas
Mas fora um ledo engano, era apenas incredulidade, ceticismo
Quem sabe fosse apenas testes e desafios, provações insanas

Cada vez o sol de tuas lembranças nasce mais fraco em meu céu
Abraço a noite como a única verdade, da qual nunca me distanciei
Quanto mais escuro, mais bela é a vista das miúdas estrelas cintilantes
De repente todo o espaço, não é um espaço vazio, um vácuo interno
Sem "mas"... Nada mudou, as coisas só são como são, sem delírios
Eu sei que o tempo é sábio e tudo tende a mudar, constantemente

...não preciso sequer acreditar
      

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