domingo, 3 de novembro de 2013

Presa


Por um bom tempo trocam olhares
Até que os dois se encontrem próximos
O rapaz se encanta com tamanha beleza da fera
Enquanto o bicho observa-o atentamente
Ele chega a ter total controle em suas mãos
A leoa vê em seu treinador seu confiável dono
- Vinde a mim animal selvagem!
- Sim, mestre!!

O domador se encontra totalmente maravilhado
Fica sem palavras com o quão formosa é a criatura
Sequer se da conta do perigo que é domá-la
Tudo se encontra sob controle enquanto se entendem
Entretanto a felina o analisa a todo momento
Sua memória afiada grava cada pequena falha
- Venha maravilhosa criatura, sabes quem sou eu?
- Não há como esquecer, eu lembro do seu cheiro

Por alguns instantes se deixa levar pela confiança
Se esquece que o feroz ser anseia ser dominado
Sem isso todo o circo rui e o fim é inevitável
A leoa o julga trespassando-o com olhares
Ao tentar disfarçar não percebe que ela se guia pelo olfato
Ela percebe seus desejos mais profundos
Mesmo que ele tenha total controle sobre eles
O artista circense é sincero e a trata como igual
E isso não corresponde às necessidades da fera
Que parte em sua direção para atacá-lo
- Você é fraco, eu vejo seus defeitos!
- Por que fazes isto? Não sempre nos demos tão bem?

Uma patada da criatura lhe tira uma porção de sangue
Ele reage com a cadeira em mãos e estala o chicote
Não à faz mal algum, ainda assim a provoca ainda mais
Sua fúria intensa alimentada pela insegurança não cessa
Algo entre a posse e o medo a instiga a lutar
O jovem domador recua, saindo e fechando o gradil
- Assim não vai dar certo, olha como estou ferido!
- Você não é homem o bastante! Fuja, covarde!

Em um último ato de coragem, ele entra bruscamente
Ao ver a besta agora surpresa, recuando e confusa
Se aproxima vagarosamente abrindo os braços
Totalmente exposto e ficando cada vez mais perto
Joga o chicote para o lado e a encara no fundo dos olhos
- Eu estou aqui, não tenho medo!

- Pois deveria!
Em um salto o magnífico ser se posiciona a sua frente
E em uma mordida agressiva arranca-lhe a cabeça
     

       

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