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Günter Brus - self - mutilation |
Nunca confie nas palavras de um poeta
Não o permita divagar, mantenha a réplica direta
Doces versos feitos de amargos venenos
Visão romantizada de um mundo imperfeito
Impossível crer em sua hipocrisia assumida
Falsidades que são por deveras sinceras
Expressando sentimentos de terríveis quimeras
Com suas dolorosas mentiras verídicas
Disfarçadas em odiosas poesias apaixonadas
Rogador intenso de tola fé desesperada
Autêntico admirador do puro desprezo
Na esperança de manter o sentimento aceso
Verdadeiro além da conta para ser real
Amor caro demais para ter qualquer valor
Transforma a realidade numa grande ilusão
Fazendo da distância uma sutil proximidade
Com buscas que almejam além do mar
Sem sequer conseguir sair do lugar
Impossível compreender seu coração
Uma alma desvairada e sem limites
Transitando entre os vivos e os fantasmas
Não é um homem, um imaturo pedante
Amargo demais para atrair com sua jovialidade
Infantil demais para encantar com sua maturidade
Fera traiçoeira acorrentada, mas perigosa
Como confiar se nele é possível sentir o cheiro
De seus medos e mais profundos anseios
Fascina com luz para esconder tamanha sombra
Não faz sentido, tão pouco se faz sentir
Tristonho menestrel mudo, habilidoso e prolixo
Tornando cada detalhe da vida num grande capricho
Sujo, desgastado pelo tempo
Desbastado nos golpes da vida
Pueril vagante, insensível vulnerável
Perdido em si mesmo, sem mapa ou tesouro
Frívolo emotivo de extravagante retrato
Mártir insano traidor de si mesmo
Declarando teatrais angústias a esmo
Rasgue e queime cada uma destas páginas
Jamais acredite em uma só gota de suas lágrimas
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