segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Intemperança



Não são só gotas de palavras
Criamos uma tempestade descontrolada
Transborda o pedantismo e encharca as mágoas
Trovões de sua raiva, raios de ofensa
O que sobrou pode se pesar em onça
Gotas de sutís perfumes do passado
Agora fedem ao bafo na bocarra da fera
O galho é curto e as garras afiadas
Não resta muito do que já é pouco
Mas quem provoca é quem sai mais ferido
E quem se sente provocado com pouco?
Só machuca, e sem pudor, feroz
O medo vaga por entre os ramos
Assim na floresta mais um fatídico dia
Sangue escorre por entre raízes
Que insistem em não sair do lugar
Por mais forte que seja o tufão
Mas por mais que a árvore se fixe
Agora ela morre, por ali ficar
Após forçar até o limite, toda seiva foi tirada
Murcha e se desfaz na água da chuva
Qualquer chance de recomeço parece morta
Se decompõe toda a vida que transbordava
O fim é parte do ciclo
E por mais escura que seja a noite
Mesmo que o abismo do céu te torne menor
E as nuvens encubram as estrelas
O passado há de se renovar
Não sobrará vestígio das vidas que ali passaram
A natureza aos poucos voltará a brotar
Com o tempo certo, lírios hão de florescer
Fragrância nova irá pairar no ar fresco
E desse inverno a primavera irá me salvar
       

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